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Pompeo de Mattos e José Fogaça |
Porto Alegre - Caso seja eleito governador, não haverá
aumento de impostos em sua gestão, garante o candidato ao Palácio Piratini pelo
PMDB, José Fogaça. Mas de que maneira ele pretende não onerar ainda mais o bolso
do contribuinte? "Vou implementar um sistema de gestão baseado no modelo
matricial da arrecadação. Significa otimizar a arrecadação por uma eficiência de
gestão", explica. A saúde e a segurança pública, segundo o ex-senador e
ex-prefeito de Porto Alegre, estão entre os principais problemas que devem ser
atacados no Rio Grande do Sul. Na entrevista a seguir, ele fala sobre
estratégias de campanha, comenta seu desempenho nas pesquisas e detalha os
principais projetos para o Estado.
Quais são os principais problemas a
serem atacados no Estado?
José Fogaça - Os principais problemas do Rio
Grande do Sul, sem dúvida nenhuma, são a saúde e a segurança. A recuperação da
qualidade dos serviços públicos, embora haja outros serviços que tenham que ser
resgatados, como o fomento à cultura, à agricultura, o apoio à propriedade
rural, a revitalização da Emater, uma política mais unificada, um órgão
estruturalmente mais unificado para o meio ambiente, fortalecer a Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, a Sema, e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental,
a Fepam, com um número maior de servidores.
A ideia é melhorar os
serviços públicos?
Fogaça - A prestação de serviços públicos é a grande
carência, a grande problemática do Rio Grande do Sul hoje. Prestar serviços
públicos é tarefa do Estado e é preciso, depois de 30 anos de uma prolongada
crise financeira – adquirida uma sustentabilidade, um equilíbrio das contas
públicas –, que os serviços públicos sejam retomados.
Se eleito,
pretende continuar o projeto da chamada RS-010 na forma de parceria
público-privada?
Fogaça - Não temos nenhum preconceito contra condição de
parceria público-privada. O que um projeto deve ter, antes de mais nada, é o
apoio da comunidade. Nenhum projeto pode avançar sem apoio, reconhecimento e
satisfação por parte da comunidade.
Por exemplo...
Fogaça - O
Conduto Forçado Álvaro Chaves é uma obra de 15 quilômetros ao longo da cidade de
Porto Alegre, com galerias de dois metros por dois, é quase um metrô. Eu cheguei
a mudar a rota do conduto por causa de árvores, para respeitar árvores. Claro
que isso emanava da população, é um respeito democrático à vontade da população.
Nós tiramos da Marquês do Pombal e transferimos para a Cristóvão Colombo a um
custo altíssimo, criando um novo problema, que foi o dos comerciantes da
Cristóvão Colombo, mas havia valores democráticos em questão. Então, qualquer
obra precisa disso.
Se o senhor for eleito, terá uma política
especial para contemplar a região que engloba os Vales do Sinos, Paranhana e do
Caí?
Fogaça - Sim, na verdade é preciso que nós tenhamos, nesta região,
um comitê gestor da região metropolitana para articular todas as políticas, na
área da habitação, do transporte, segurança pública, saneamento básico, não para
esta ou para aquela região, mas para todas estas regiões. É preciso ter uma
visão conjunta, pois estas regiões dependem apenas das autoridades municipais.
Se não existe a prefeitura, não há presença do Estado.
O senhor está
satisfeito com seu desempenho até agora, na medida que todas as pesquisas o
colocam em segundo lugar?
Fogaça - Satisfeito com o desempenho? Sim. O
desempenho sempre é algo que se espera que cresça e avance. Nós esperamos
crescer e avançar, estamos trabalhando para isso.
O senhor teme perder
terreno para a governadora Yeda Crusius com a propaganda no rádio e na tevê?
Fogaça - Em toda campanha eleitoral a gente teme perder terreno para
qualquer um. São nove candidatos. Por isso, a gente trabalha, apresenta projetos
e procura avançar nesta proposição.
O senhor vai apoiar Dilma
Rousseff, aderir ao José Serra ou manterá a neutralidade?
Fogaça - Vamos
manter a neutralidade, em função, justamente, do fato de o partido estar
dividido. Não é uma opção minha, esta é uma realidade de fato, que eu vivo no
PMDB. Eu quero ser uma síntese do partido, e não quero que o partido seja uma
síntese de mim.
Mas por que ser imparcial, se o PMDB indicou o
candidato a vice-presidente?
Fogaça - O PMDB nacional. O PMDB estadual
está dividido quanto a isso, foi contra a indicação do candidato, votou
maciçamente contra ele.
Caso vença o pleito, o senhor pretende levar
para o governo o secretário Cézar Busatto?
Fogaça - Olha, eu gostaria de
ter o Cézar Busatto, me orgulharia muito de ter ele entre os secretários, mas
não tenho nenhum compromisso com nenhum nome e isso será uma decisão que eu vou
tomar de uma maneira soberana, seguindo o interesse público, democrático, quando
assumir o governo.
Se o senhor for eleito, como serão divididos os
cargos entre PMDB e PDT?
Fogaça - Não pensei nisso, e não penso ainda.
Vou valorizar aqueles companheiros, pessoas que têm formação técnica, qualidade
política, reputação ilibada, e este é o critério, independentemente dos
partidos.
Qual o papel que terá o vice-governador no seu
governo?
Fogaça - Papel relevante, de colaborador. Ele vai participar do
comitê gestor, como todos os vice-prefeitos meus participaram na administração
de Porto Alegre, e se quiser exercer uma função executiva, vai exercer aquela
que entender. Senão, vai ser um grande colaborador no conjunto da gestão pública
do Estado.
O senhor pretende mudar a forma de organização do Detran,
epicentro da crise que atingiu o atual governo?
Fogaça - Acho que o
importante é sempre buscar transparência e uma redução de custos, favorecer o
cidadão. Essa tem que ser a meta e a proposição de um governo.
É
possível baixar o preço da carteira de motorista?
Fogaça - Acho que tem
que fazer uma avaliação técnica, um estudo, mas evidentemente que tem que ser
esta a meta: oferecer sempre melhores condições, um acesso mais fácil do cidadão
aos serviços, a um menor custo. Tem que ser meta e objetivo de
governo.
O senhor vai resistir à tentação de propor aumento do
ICMS?
Fogaça - Resistir à tentação? Quem é que disse que tem a
tentação?
Os governadores geralmente têm...
Fogaça - Não vou
aumentar impostos. Vou implementar um sistema de gestão baseado no modelo
matricial da arrecadação. Significa otimizar a arrecadação por uma eficiência de
gestão. Vou, inclusive, eventualmente, se for necessário, fazer uma política
tributária que venha a reduzir impostos em alguns setores, que venha a
beneficiar a expansão em áreas mais pobres, menos dinâmicas da nossa economia
regional.
Quem será seu secretário da Segurança ou, pelo menos, qual
perfil ele terá?
Fogaça - O secretário da Segurança tem que ser um homem
sério, eficiente, conhecedor profundo da segurança pública, conhecedor profundo
das corporações e comprometido com a nossa visão geral de governo, que é a
democracia, responsabilidade, cooperação, e dentro da nossa proposta, que é
aumentar os efetivos, que é resolver o problema do déficit prisional. Além
disso, trabalhar muito no sentido de uma ação comunitária integrada entre
governos federal, estadual, municipal e comunidade.
Há críticas,
ainda de bastidores, partindo de peemedebistas, à forma como sua campanha vem se
desenvolvendo. O senhor reconhece que há problemas de organização interna ou
refuta essas críticas?
Fogaça - Olha, a mim nunca chegaram críticas
quanto à campanha.
Como explicar, então, as mudanças bruscas na agenda
de campanha?
Fogaça - Mudanças bruscas na campanha? Isso não tem
acontecido. Ocorreu uma vez, que fiquei gripado e a gripe me determinou
cancelar, mas cancelamento em função da saúde.
O que pretende fazer
para melhorar o salário dos professores?
Fogaça - Melhorar o salário dos
professores significa buscar com determinação as condições financeiras de
sustentabilidade para que a gente possa pagar o piso nacional, que hoje é lei,
buscar essas condições com determinação.
Fonte: DC Canoas -Adair Santos/Da redação