Morador dos arredores da Praça Matriz, o prefeito de Porto Alegre, José
Fortunati (PDT), e a primeira-dama Regina Becker irritam-se com calçadas
disformes, pichações, lixo espalhado. Dias atrás, Fortunati usou o
celular para fotografar um cachorro revirando restos antes de serem
recolhidos.
Os olhos nesses pequenos detalhes que fazem diferença
em uma cidade é um dos traços do prefeito que assumiu o comando do
Executivo municipal há nove meses, desde que José Fogaça renunciou para
concorrer ao Piratini.
Para os resíduos nas ruas, ele lançou a
colocação de contêineres para a coleta. Para melhorar os hábitos e o
ambiente urbano, planeja uma campanha pela cidadania.
— Hoje, se a
pessoa joga papel no chão, se cobra da prefeitura. Não tem mais a
cobrança sobre quem causou o problema. Temos de inverter essa lógica —
afirma.
Apesar de dar continuidade a projetos já consolidados por
seu antecessor, Fortunati quer ter luz própria. Pretende, por exemplo,
mudar o nome de uma das meninas dos olhos de Fogaça, o Portais da
Cidade, que deverá reduzir a circulação de ônibus pela região central.
ZH — Qual a sua maior preocupação?
José Fortunati —
Quando assumi, havia dito que queria um feijão-com-arroz de primeira
qualidade. É a minha frase. O cidadão quer obras, mas mais do que a
obra, ele quer ter uma cidade com qualidade. Ele quer andar pela cidade e
sentir que tem segurança, quer andar pelas calçadas e não encontrar
lajes soltas. Quando assumi, encomendei um trabalho específico sobre
calçadas. Queremos chamar atenção dos proprietários sobre sua
responsabilidade de preservá-las. Vamos até que ponto? Até a multa.
Vamos fazer a campanha de esclarecimento e quem não cumprir nós vamos
multar.
ZH — O que muda da sua gestão para a de José Fogaça?
Fortunati — Somos pessoas diferentes. É difícil fazer a comparação porque cada um é cada um.
ZH — O que o senhor vai fazer de diferente?
Fortunati —
Fogaça, por estilo dele, chega a ser de uma timidez impressionante. Eu
já acho que o prefeito tem de botar o ovo e cacarejar. O marketing das
ações tem de estar junto com o prefeito. Nós fizemos uma pesquisa e há
uma cobrança de que vou pouco às comunidades! Eu! Então, qual é a minha
próxima ação? Estou comprando uma caminhonete para montar um gabinete
itinerante. Vou botar lá "prefeito na comunidade" em letras garrafais. O
prefeito tem de ser visível. O Fogaça de forma alguma faria isso.
ZH — Vai dar tempo de finalizar as obras para a Copa?
Fortunati —
Foi uma iniciativa minha como secretário da Copa tentar incluir o maior
número possível de obras sob o guarda-chuva da Copa. Um exemplo são os
dois viadutos e as três trincheiras da Terceira Perimetral. Tem alguma
coisa a ver com a Copa? Não. Era a única oportunidade para conseguir
recursos extras num prazo de financiamento de 20 anos, com quatro de
carência, juro de 6% ao ano, que não se consegue em parte alguma. Se não
ficarem prontos, não vai fazer a menor diferença para a Fifa. Já o
Gigante da Beira-Rio tem de ficar pronto. Temos de qualificar a
Beira-Rio e a Padre Cacique. No Aeroporto Salgado Filho estamos
retirando as famílias, é exigência da Fifa. Tem obras que não podemos
vacilar.
ZH — O senhor vai se empenhar para a construção do metrô?
Fortunati —
Vai sair do papel. Podem ter certeza, é um compromisso. Estamos bem
avançados. Com a campanha eleitoral, isso paralisou. Já conversei com a
Dilma para retomarmos. Vai ser o primeiro assunto que eu vou retomar com
a presidente.
ZH — O seu trânsito com a presidente vai facilitar as relações?
Fortunati — Não tenho dúvida. Somos amigos de muito tempo.
Fonte: ZH on Line
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