A internet terá papel fundamental na mobilização de militantes e apoiadores informais dos partidos na campanha eleitoral deste ano. Não terá o mesmo potencial de convencimento que rádio e televisão possuem hoje, mas sua capacidade de aproximar os eleitores dos candidatos, possibilitando o diálogo entre eles, deverá receber atenção especial no mundo da política em 2010. As experiências de marketing em redes sociais – como Orkut, Facebook, Twitter, Youtube e blogs – será incorporada às estratégias de campanha política, já que, pela primeira vez, a legislação eleitoral tornou a internet um território livre para a proganda dos candidatos. Essa é a avaliação de especialistas em marketing da internet consultados pela Gazeta do Povo.
A internet é a forma de atrair o eleitor jovem, já que pesquisas mostram que eles não veem propaganda eleitoral na televisão. “Hoje o eleitor jovem não vê o jornal nacional, o que dirá propaganda eleitoral.”
Mas para o marketing político na rede funcionar, ele deve se adequar às características do meio. A estratégia política na internet é muito diferente da dos meios tradicionais. “Tem de ter uma forma adequada, sem hierarquia definida, até porque a rede não tem hierarquia. Muitos políticos não entendem a cobrança feita por eleitores em redes como o Twitter”. “O Sarney, por exemplo, entrou no Twitter, usava a ferramenta como release. Saiu logo depois que houve a crise no Senado. Não estava pronto para responder aos questionamentos.”
O secretário de Comunicação do PV, Fabiano Carnevale, diz enxergar na internet um ótimo meio para mobilização de apoiadores de campanha. Carnevale adquiriu experiência em marketing on-line ao coordenar a campanha de internet de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008. “A televisão continua sendo o principal caminho, mas a internet exerce a função de mobilizar os apoiadores.”
Ele dá como exemplo um episódio da campanha de Gabeira, em que o deputado estava em baixa nas pesquisas. “Fizemos um vídeo com o Gabeira falando que apesar das pesquisas a eleição não estava decidida, que não existia voto inútil, que era preciso votar em candidato que as pessoas gostassem”, relata. “A partir dali, a campanha foi virando em favor de Gabeira.” Esse é um exemplo, explica Carnevale, de marketing viral que funcionou.
Porém, na avaliação dele, isso só funciona se houver integração com a campanha de rua. Na eleição de 2008, diz Carnevale, cerca de 10 mil voluntários contribuíram com a campanha de Gabeira. Parte deles na internet – replicando textos e vídeos para seus conhecidos –, e outra parte nas ruas. “Um dos eventos mais significativos começou com a ideia de uma eleitora no Orkut, que combinou com 15 amigos para ir à praia de verde. A ideia acabou se transformando em uma manifestação de mais de mil pessoas.”
Experiências das redes
“Acredito que há uma tendência importante de se usar as experiências recentes das redes sociais em campanhas eleitorais”, afirma o professor do curso de Comunicação Social Juliano Borges, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e autor do livro Web Jornalismo: Jornalismo e política em tempo real.
Borges considera que ferramentas como blogs, Orkut, Facebook, Youtube e Twitter serão usados de forma integrada principalmente por candidatos a eleições majoritárias – Presidência, Senado e governos estaduais. “Essa eleição será particularmente especial para avaliar como serão usadas as novas tecnologias no Brasil. Vai ser a primeira campanha em que o investimento em internet não vai ser pontual.”
Fonte: Gazeta do Povo
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