No Brasil do salário mínimo de 510 reais, políticos recebem remunerações
acima dos 10.000 reais e têm pagas pelos cofres públicos despesas com moradia,
transporte e saúde. A possibilidade de um aumento dos salários de parlamentares e do
presidente reacende a discussão sobre quanto merecem ganhar os
representantes do poder público brasileiro.
O presidente da República
recebe por mês 11.420,21 reais. Deputados e senadores ganham 16.512,09 reais. O
salário do presidente equivale, no mercado de trabalho, ao recebido por um
profissional com curso de MBA, em cargo de gerência. O dos parlamentares
corresponde ao salário de alguém com curso de pós-graduação ou especialização,
em cargo de diretoria. A comparação tem como base dados da pesquisa salarial da
Catho Online, feita a partir de 160 mil entrevistas em todo o país.
Mas
as comparações não são tão simples assim. Enquanto o trabalhador comum comemora
a chegada do 13º salário no fim do ano, por exemplo, os parlamentares recebem
ajuda de custo no valor de um salário em fevereiro e outra em dezembro. Na
prática, recebem o equivalente a 15 salários a cada ano.
Para o
sociólogo Humberto Dantas, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São
Paulo (USP) , a remuneração do presidente é razoável diante das
responsabilidades do cargo. “Ser presidente pode ser algo excelente, mas é
também uma atividade que exige sacrifícios e dedicação integral”, lembra. “Se um
executivo do mercado tivesse tantas responsabilidades quanto tem um presidente
da República, 80.000 reais seriam pouco para ele.” Mas sempre é necessário
lembrar: a carreira política tem como objetivo, na essência, servir à população,
não enriquecer – por mais que alguns insistam em usá-la para isso.
Inchaço - Apesar de avaliar como adequada a remuneração do
chefe do governo, Dantas vê exagero, por outro lado, na estrutura que cerca os
congressistas. Deputados têm direito a contratar até 25 assessores, com custo
total de 60.000 reais. Recebem, além disso, cotas mensais entre 23.000 reais e
34.000 reais para custeio de escritórios políticos (aluguel, serviço postal,
telefonia), viagens, combustível, segurança e consultoria. No Senado, além da
verba indenizatória de 15.000 para manter o escritório político, o parlamentar
tem verbas específicas para passagens áreas, gráfica, correio, assinatura de
jornais e revistas, telefone e combustível.
“É uma estrutura inchada, que
atende quase que somente a interesses eleitorais, para dar publicidade à ação e
à figura do parlamentar e, em última instância, reelegê-lo”, afirma Humberto
Dantas. “Os assessores contratados trabalham como cabos eleitorais e há
pagamento de favores com verbas oficiais, o que não parece a forma mais correta
de fazer política.” O número elevado de integrantes do Congresso – 513 deputados
e 81 senadores – dificulta a fiscalização do uso desses
recursos.
Casa paga - Além do salário e das verbas para
trabalho, os políticos têm a seu dispor um pacote de benefícios para uso
pessoal, como moradia e cobertura de gastos médicos e odontológicos. Deputados
podem aderir ao plano dos servidores da Casa ou pedir reembolso de serviços
particulares, sem limite de valor. Senadores também não têm limite para gastos
médicos deles, do cônjuge e dos dependentes. Há ainda uma verba de quase 26.000
para despesas odontológicas e psicoterápicas.
Enquanto o presidente
escolhe entre residir no Palácio da Alvorada ou na Granja do Torto, os
parlamentares podem morar em apartamentos funcionais em Brasília. As compras
para alimentação e os gastos com manutenção da residência do presidente são
custeadas pelo estado. Se os congressistas preferirem alugar outro imóvel,
deputados recebem auxílio mensal de 3.000 reais e senadores, de 3.800 reais. O
que mostra que vida de político é bem diferente do cotidiano de um profissional
comum - para boa parte dos brasileiros, o gasto com moradia é o que mais pesa no
orçamento doméstico, e chega a responder por metade das despesas de uma
família.
Fonte: Veja - Carolina Freitas
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