segunda-feira, 23 de agosto de 2010

"Não vou aumentar impostos", diz canditado José Fogaça

Pompeo de Mattos e José Fogaça
Porto Alegre - Caso seja eleito governador, não haverá aumento de impostos em sua gestão, garante o candidato ao Palácio Piratini pelo PMDB, José Fogaça. Mas de que maneira ele pretende não onerar ainda mais o bolso do contribuinte? "Vou implementar um sistema de gestão baseado no modelo matricial da arrecadação. Significa otimizar a arrecadação por uma eficiência de gestão", explica. A saúde e a segurança pública, segundo o ex-senador e ex-prefeito de Porto Alegre, estão entre os principais problemas que devem ser atacados no Rio Grande do Sul. Na entrevista a seguir, ele fala sobre estratégias de campanha, comenta seu desempenho nas pesquisas e detalha os principais projetos para o Estado.

Quais são os principais problemas a serem atacados no Estado?
José Fogaça - Os principais problemas do Rio Grande do Sul, sem dúvida nenhuma, são a saúde e a segurança. A recuperação da qualidade dos serviços públicos, embora haja outros serviços que tenham que ser resgatados, como o fomento à cultura, à agricultura, o apoio à propriedade rural, a revitalização da Emater, uma política mais unificada, um órgão estruturalmente mais unificado para o meio ambiente, fortalecer a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a Sema, e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental, a Fepam, com um número maior de servidores.

A ideia é melhorar os serviços públicos?
Fogaça - A prestação de serviços públicos é a grande carência, a grande problemática do Rio Grande do Sul hoje. Prestar serviços públicos é tarefa do Estado e é preciso, depois de 30 anos de uma prolongada crise financeira – adquirida uma sustentabilidade, um equilíbrio das contas públicas –, que os serviços públicos sejam retomados.

Se eleito, pretende continuar o projeto da chamada RS-010 na forma de parceria público-privada?
Fogaça - Não temos nenhum preconceito contra condição de parceria público-privada. O que um projeto deve ter, antes de mais nada, é o apoio da comunidade. Nenhum projeto pode avançar sem apoio, reconhecimento e satisfação por parte da comunidade.

Por exemplo...
Fogaça - O Conduto Forçado Álvaro Chaves é uma obra de 15 quilômetros ao longo da cidade de Porto Alegre, com galerias de dois metros por dois, é quase um metrô. Eu cheguei a mudar a rota do conduto por causa de árvores, para respeitar árvores. Claro que isso emanava da população, é um respeito democrático à vontade da população. Nós tiramos da Marquês do Pombal e transferimos para a Cristóvão Colombo a um custo altíssimo, criando um novo problema, que foi o dos comerciantes da Cristóvão Colombo, mas havia valores democráticos em questão. Então, qualquer obra precisa disso.

Se o senhor for eleito, terá uma política especial para contemplar a região que engloba os Vales do Sinos, Paranhana e do Caí?
Fogaça - Sim, na verdade é preciso que nós tenhamos, nesta região, um comitê gestor da região metropolitana para articular todas as políticas, na área da habitação, do transporte, segurança pública, saneamento básico, não para esta ou para aquela região, mas para todas estas regiões. É preciso ter uma visão conjunta, pois estas regiões dependem apenas das autoridades municipais. Se não existe a prefeitura, não há presença do Estado.

O senhor está satisfeito com seu desempenho até agora, na medida que todas as pesquisas o colocam em segundo lugar?
Fogaça - Satisfeito com o desempenho? Sim. O desempenho sempre é algo que se espera que cresça e avance. Nós esperamos crescer e avançar, estamos trabalhando para isso.

O senhor teme perder terreno para a governadora Yeda Crusius com a propaganda no rádio e na tevê?
Fogaça - Em toda campanha eleitoral a gente teme perder terreno para qualquer um. São nove candidatos. Por isso, a gente trabalha, apresenta projetos e procura avançar nesta proposição.

O senhor vai apoiar Dilma Rousseff, aderir ao José Serra ou manterá a neutralidade?
Fogaça - Vamos manter a neutralidade, em função, justamente, do fato de o partido estar dividido. Não é uma opção minha, esta é uma realidade de fato, que eu vivo no PMDB. Eu quero ser uma síntese do partido, e não quero que o partido seja uma síntese de mim.

Mas por que ser imparcial, se o PMDB indicou o candidato a vice-presidente?
Fogaça - O PMDB nacional. O PMDB estadual está dividido quanto a isso, foi contra a indicação do candidato, votou maciçamente contra ele.

Caso vença o pleito, o senhor pretende levar para o governo o secretário Cézar Busatto?
Fogaça - Olha, eu gostaria de ter o Cézar Busatto, me orgulharia muito de ter ele entre os secretários, mas não tenho nenhum compromisso com nenhum nome e isso será uma decisão que eu vou tomar de uma maneira soberana, seguindo o interesse público, democrático, quando assumir o governo.

Se o senhor for eleito, como serão divididos os cargos entre PMDB e PDT?
Fogaça - Não pensei nisso, e não penso ainda. Vou valorizar aqueles companheiros, pessoas que têm formação técnica, qualidade política, reputação ilibada, e este é o critério, independentemente dos partidos.

Qual o papel que terá o vice-governador no seu governo?
Fogaça - Papel relevante, de colaborador. Ele vai participar do comitê gestor, como todos os vice-prefeitos meus participaram na administração de Porto Alegre, e se quiser exercer uma função executiva, vai exercer aquela que entender. Senão, vai ser um grande colaborador no conjunto da gestão pública do Estado.

O senhor pretende mudar a forma de organização do Detran, epicentro da crise que atingiu o atual governo?
Fogaça - Acho que o importante é sempre buscar transparência e uma redução de custos, favorecer o cidadão. Essa tem que ser a meta e a proposição de um governo.

É possível baixar o preço da carteira de motorista?
Fogaça - Acho que tem que fazer uma avaliação técnica, um estudo, mas evidentemente que tem que ser esta a meta: oferecer sempre melhores condições, um acesso mais fácil do cidadão aos serviços, a um menor custo. Tem que ser meta e objetivo de governo.

O senhor vai resistir à tentação de propor aumento do ICMS?
Fogaça - Resistir à tentação? Quem é que disse que tem a tentação?

Os governadores geralmente têm...
Fogaça - Não vou aumentar impostos. Vou implementar um sistema de gestão baseado no modelo matricial da arrecadação. Significa otimizar a arrecadação por uma eficiência de gestão. Vou, inclusive, eventualmente, se for necessário, fazer uma política tributária que venha a reduzir impostos em alguns setores, que venha a beneficiar a expansão em áreas mais pobres, menos dinâmicas da nossa economia regional.

Quem será seu secretário da Segurança ou, pelo menos, qual perfil ele terá?
Fogaça - O secretário da Segurança tem que ser um homem sério, eficiente, conhecedor profundo da segurança pública, conhecedor profundo das corporações e comprometido com a nossa visão geral de governo, que é a democracia, responsabilidade, cooperação, e dentro da nossa proposta, que é aumentar os efetivos, que é resolver o problema do déficit prisional. Além disso, trabalhar muito no sentido de uma ação comunitária integrada entre governos federal, estadual, municipal e comunidade.

Há críticas, ainda de bastidores, partindo de peemedebistas, à forma como sua campanha vem se desenvolvendo. O senhor reconhece que há problemas de organização interna ou refuta essas críticas?
Fogaça - Olha, a mim nunca chegaram críticas quanto à campanha.

Como explicar, então, as mudanças bruscas na agenda de campanha?
Fogaça - Mudanças bruscas na campanha? Isso não tem acontecido. Ocorreu uma vez, que fiquei gripado e a gripe me determinou cancelar, mas cancelamento em função da saúde.

O que pretende fazer para melhorar o salário dos professores?
Fogaça - Melhorar o salário dos professores significa buscar com determinação as condições financeiras de sustentabilidade para que a gente possa pagar o piso nacional, que hoje é lei, buscar essas condições com determinação.

Fonte: DC Canoas -Adair Santos/Da redação

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