Paira no ar a impressão de que finalmente o Brasil realiza o seu destino
de ser uma grande nação. Embalados pela boa fase da economia, já
antevemos o futuro que nos espera em 2029, quando o nosso PIB será igual
ao da Alemanha.
A questão, no entanto, é se chegaremos lá defendendo um
desenvolvimento típico do século passado, carregando conosco florestas
destruídas e ar e rios poluídos, típicos de um ambiente incapaz de
garantir nossa prosperidade pelas décadas seguintes.
O Brasil, mais do que qualquer outra nação, tem condições de virar a
civilização exemplar do século 21, garantindo prosperidade sem devastar
seus recursos e suas belezas naturais. Num planeta onde restam poucas
florestas e que está à beira de uma crise climática, temos riquezas que
ninguém mais tem.
Viramos potência agrícola mantendo mais da metade de nosso território
coberto por florestas. Não há razão, portanto, para não termos uma
política de desmatamento zero. Também sustentamos nosso crescimento com
uma matriz em que 80% da geração elétrica é baseada em fontes
renováveis. Sujá-la, em nome do progresso, é como engatar uma marcha-ré.
Infelizmente, ainda há quem diga que para desenvolver é preciso
devastar. Insistem que para ter energia o Brasil precisa investir em
combustíveis fósseis e que para expandir sua agricultura o único caminho
é seguir derrubando nossas matas. Eles se esquecem do nosso próprio
exemplo. Preferem importar modelos de outros países, como se o Brasil,
para crescer, precisasse imitar os outros.
Os dois candidatos que sobraram na disputa pela Presidência da
República parecem presos a esse modelo de futuro atrasado. Mas têm agora
a oportunidade de dizer se querem fazer o Brasil andar para frente ou
simplesmente ficar parado no tempo, talvez mais rico, porém devastado
como qualquer outro país desenvolvido.
Durante a campanha do primeiro turno, o debate praticamente não
contemplou aquestão ambiental. Serra e Dilma precisam corrigir esta
lacuna e dizer claramente o que pensam e qual o seu projeto sobre o
futuro de nossas florestas e o de nossa geração de energia, temas que
estão radicalmente ligados ao futuro do Brasil e do planeta.
Só assim o eleitor poderá decidir qual dos dois tem propostas
concretas para gerar riqueza sem devastar a nossa fortuna ambiental.
Matéria enviada por Silvana Gonçalves
Fonte: greenpeace brasil
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