segunda-feira, 31 de maio de 2010

“Quem não respeitar o Alto Uruguai, não merece governar o Rio Grande do Sul”

Pompeo e Fogaça em Erechim
Esta semana estiveram em Erechim os pré-candidatos ao governo gaúcho na chapa composta por PMDB e PDT.
Em entrevista a Rádio Cultura, na quarta-feira, 26, no programa Estúdio Boa Vista, José Fogaça, candidato a governador e Pompeo de Mattos (vice), responderam a perguntas de lideranças da cidade e regional: Luiz Paraboni Filho, presidente da Cotrel; Luiz Mário Spinelli, diretor geral da Uri Campus Erechim e Credenor; Deoclécio Corradi, presidente da ACCIE e vice-presidente da Federasul; prefeito de Erechim Paulo Alfredo Polis; presidente da Câmara de Vereadores, José Rodolfo Mantovani. 

Questionados sobre governos que viraram às costas para o Alto Uruguai, Fogaça encerrou a entrevista com a seguinte colocação: “Quem não respeitar o Alto Uruguai, não merece governar o Rio Grande do Sul”. Abaixo os principais trechos da entrevista.

Abertura

Pompeo de Mattos:
“Quando cheguei em Brasília, de bota, bombacha, guaiaca e lenço do jeito que estou aqui hoje e para mim isso é consenso. E vestido de jeito vou ganhando respeito e digo o que penso. Bem diplomado, bem eleito, entrei portão adentro. E se estranharam comigo por conta da indumentária. Não entenderam, não escutaram meus argumentos e me colocaram para fora, pois não estava com o traje adequado. Sai para fora, mas votei para dentro. Pois teimoso é o teimoso que teima com o teimoso. Mas mais teimoso é o teimoso que teima com o teimoso e ganha na teimosia, Teimei com eles e até hoje minha pilcha é respeitada no Congresso Nacional”.

José Fogaça:
“Nós viemos trazer uma palavra, um depoimento nosso, meu e do Pompeo sobre o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. A grande convergência e conjunção de esforços entre todas as nossas bases partidárias dos municípios em busca de uma aproximação cada vez maior, para que ela se torne uma aliança efetiva e produtiva para este grande processo eleitoral que vem por aí. Estamos montando as ações preliminares até chegar às convenções partidárias”.


Presidente da Cotrel

Luiz Paraboni Filho:
A questão conhecida como guerra fiscal entre os estados se acentua basicamente na questão do trigo. O RS é auto-suficiente e vende para os outros estados. Em SC a incidência do ICMS é de 12% e SP e MG é de 2%. A minha pergunta é se o governo dos senhores tem a intenção de discutir este tema, que além do trigo tem a questão dos lácteos, pois vendemos com impostos acima dos que são praticados dentro do estado.

José Fogaça:
A política tributária em defesa dos gaúchos posso atestar e exemplificar com o que fiz em Porto Alegre. Quando assumimos declaramos claramente que não iríamos aumentar os impostos e também não iríamos reduzir de maneira linear. O que aconteceu foram políticas setoriais com indução ao crescimento econômico o que acarretou uma melhora na arrecadação do município. Fizemos uma programação de competitividade juntamente com as empresas. E deu certo. Tivemos abertura e os empresários entenderam. 

Pompeo de Mattos:
Não temos só a questão do trigo e dos lácteos. Na fronteira temos o arroz. É a mesma questão. Como a diferença de imposto é muita grande as empresas acabam realizando o beneficiamento fora daqui. É mais barato para eles e acabamos tendo fuga de capital.  Precisamos achar um ponto de equilíbrio para isto.


Presidente do Legislativo

José Mantovani:
A Corsan é uma empresa pública que presta serviços a dezenas de municípios gaúchos com relação ao saneamento básico. Mas está com dificuldade de renovar seus contratos de prestação de serviços em virtude de não ter cumprido compromissos assumidos anteriormente como é o caso de Erechim. Se eleito governador como irá conduzir à estatal e que garantia o senhor nos dá que a Corsan ia honrar os contratos assumidos com os municípios?

José Fogaça:
Quando prefeito de Porto Alegre sempre administramos o DMAE sempre na ponta do lápis. Não teve um dia, um mês, um exercício deficitário. O DMAE que é nossa autarquia que cuida da água e do tratamento de esgoto sempre foi superavitária. E acabou ajudando outros setores com investimentos. Ao final de dois anos conseguimos montar um projeto de R$ 530 milhões para despoluir o Guaíba. Um projeto para cinco anos e já se passaram dois. Daqui três anos o José Fortunati vai inaugurar uma estação de tratamento que irá tratar 80% do esgoto de Porto Alegre. 

Egídio Lazzarotto:
Erechim tem um problema sério, e quando o Mantovani falava sobre isso havia um acordo onde as etapas de obras não foram cumpridas pela Corsan. E nós temos uma problemática no abastecimento de água...

Rodrigo Finardi:
...o município está montando um edital para se fazer uma concorrência pública para saber quem quer cuidar do saneamento básico e tratamento de esgoto em Erechim. Uma estatal não quebra. Pode estar mal, mas o governo socorre. O medo é que se venha uma empresa privada, que amanhã não dá lucro fecha às portas e vai embora...

José Fogaça:
...Erechim não é o único município. Hoje não há boas relações entre o governo federal com o estadual. Não quero aqui atribuir culpa a este ou aquele. Qualquer município poderia ir a Caixa Econômica Federal e fazer suas transações financeiras para expandir no tratamento de água e esgoto. Mas nem sempre as coisas são como deveriam ser. Temos os problemas dos ressentimentos políticos podendo acarretar dificuldades de relacionamento. Mas na política quando um não quer dois não brigam. Os investimentos da Corsan dependem dos financiamentos da CEF e do poder de endividamento da empresa. E a Corsan pode contrair empréstimos, pois a água é paga, ela tem retorno. Financiar expansões de rede todos os bancos querem. Financiar água é bom e dá retorno.


Presidente da ACCIE e Vice Federasul

Deoclécio Corradi:
Minha pergunta é com relação à carga tributária. Como podemos reduzir já que os empresários vivem discutindo sobre isso. Qual o futuro do RS com relação a isso.

José Fogaça:
O imposto tem um papel que muitos não enxergam como indutor do crescimento. E às vezes ele pode ser uma política de estímulo, para gerar empregos e melhorar resultados do setor privado e permitir expansão de novos investimentos. E volto a repetir que não irei aumentar impostos e não baixaremos de forma linear. O RS está em 24º lugar na ordem dos estados que tem a menor relação carga tributária com o PIB. O Fogaça está dizendo que com isso irá aumentar os impostos? Não. Precisamos resolver o problema fiscal com controle matricial das despesas e arrecadação com modelo de gestão.

Pompeo de Mattos:
O professor Fogaça deu a palavra. Não aumentará os impostos. E palavra dada se cumpre. Costume dizer que o peixe morre pela boca e o homem pela palavra. Estou há muito tempo em Brasília Deoclécio e a nossa grande briga e com relação às contribuições com a CPMF, COFINS, entre outros, pois estas ficam 100% para o governo federal. Imposto é ruim, mas é muito pior as contribuições. O imposto é repartido em três – governo federal, estados e municípios – e contribuições só a União se beneficia. 


Diretor da URI e Presidente do Credenor

Luiz Mário Spinelli:
Nós temos uma ligação histórica e fraterna com a região nordeste do estado. Como diretor de uma universidade regional e comunitária e tem alunos desta região que tem dificuldades enormes para virem à universidade, mesmo de cidades próximas. Felizmente ultimamente algumas estradas estão vindo. Qual o projeto do governo para tornar estas regiões mais próximas e crescerem juntas.

José Fogaça:
Essa região está mostrando uma pujança e crescimento fantástica. Vem se destacando na geração de empregos no RS. Cresce num excelente ritmo e velocidade. Existem editais em andamento para asfalto de várias estradas desta região. Da nossa parte nós vamos uma vez que estas obras tenha sido iniciadas, vamos continuar. Se houver apenas o edital vamos completar, contratar e realizar as obras.  Se não tiver os editais, vamos lançá-los e vamos fazer as estradas. Hoje mais do que nunca é preciso haver um orçamento descentralizado para cada região e cada região discutir a prioridade do investimento. Não precisamos fazer tudo ao mesmo tempo. Assim podemos nos programar. E me aprece que as ligações asfálticas são as grandes prioridades da região. Estamos comprometidos com isso.

Pompeo de Mattos:
Temos andado pelo RS e notamos que o estado é multicêntrico com várias regiões e suas cidades pólos. São centros que estão pedindo chance. São centros de excelência universitária como aqui em Erechim com a URI. Excelência em serviços. Erechim está pulsando. E o estado não acompanha a velocidade de Erechim.

Egídio Lazzarotto:
Estão administrando de costas para o Alto Uruguai?
Pompeo de Mattos: De costas. Não há Brasil sem o RS. E não há RS sem o Alto Uruguai. Escreva o que estou dizendo. Está na hora de alguém se acordar e acordar alguém. Sou interiorano, nasci na roça e sei a falta que faz a ligação asfáltica. Não podemos brincar com coisa séria.


Prefeito de Erechim

Paulo Polis:
Minha pergunta é sobre desenvolvimento regional. Temos regiões com características diferentes. Se o plano de governo tem compromisso com estas diferenças e especialmente com o Alto Uruguai. Temos o exemplo do biodiesel com a Olfar que está unindo a região.

José Fogaça:
Em 1º lugar parabéns ao prefeito Polis nesta equação da questão do biodiesel. Somos os primeiros a reconhecer a qualidade deste projeto no aspecto integrador da região. Os municípios que participam ajudam Erechim e Erechim ajuda os municípios. Isso mostra o quanto às regiões do RS hoje se auto determinam, montam sua própria estratégia de desenvolvimento. Mostra a capacidade de gerar opções e identificar oportunidades e fazer esta governança solidária que leva ao crescimento, aumentando a arrecadação dos municípios, proporcionando melhor renda e mais empregos aos cidadãos. O centro cerebral do RS não é mais a Praça da Matriz em Porto Alegre. O centro de inteligência dos estados está localizado nas regiões. Aqui em Erechim esta estratégia do biodiesel demonstra isso. E cada vez mais precisamos ter descentralização orçamentária e política para alavancarmos as peculiaridades de cada região.

Pompeo de Mattos:
O Fogaça é testemunha do que eu vou dizer. Da generosidade, do carinho e do respeito e a áurea que o prefeito Polis nos recebeu. Não foi com os braços abertos. Foi com o coração aberto. Explicou os seus projetos e elevou Erechim. Mostrou entusiasmo e está muito determinado.  Tivemos acesso ao projeto da Agência de Desenvolvimento do Alto Uruguai com as potencialidades e as carências da região. Isto ficará em nossas mãos como orientação para os rumos futuros. Nosso plano de governo não será escrito em cima da perna.

José Fogaça:
Obrigado Egídio. Obrigado Rodrigo. Obrigado Fábio. Quem não respeitar este civismo.  Quem não respeitar o Alto Uruguai, não merece governar o Rio Grande do Sul”.

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