quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

José Fortunatti - "Eu já acho que o prefeito tem de botar o ovo e cacarejar"

Morador dos arredores da Praça Matriz, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), e a primeira-dama Regina Becker irritam-se com calçadas disformes, pichações, lixo espalhado. Dias atrás, Fortunati usou o celular para fotografar um cachorro revirando restos antes de serem recolhidos.

Os olhos nesses pequenos detalhes que fazem diferença em uma cidade é um dos traços do prefeito que assumiu o comando do Executivo municipal há nove meses, desde que José Fogaça renunciou para concorrer ao Piratini.

Para os resíduos nas ruas, ele lançou a colocação de contêineres para a coleta. Para melhorar os hábitos e o ambiente urbano, planeja uma campanha pela cidadania.

— Hoje, se a pessoa joga papel no chão, se cobra da prefeitura. Não tem mais a cobrança sobre quem causou o problema. Temos de inverter essa lógica — afirma.

Apesar de dar continuidade a projetos já consolidados por seu antecessor, Fortunati quer ter luz própria. Pretende, por exemplo, mudar o nome de uma das meninas dos olhos de Fogaça, o Portais da Cidade, que deverá reduzir a circulação de ônibus pela região central.

ZH — Qual a sua maior preocupação?

José Fortunati — Quando assumi, havia dito que queria um feijão-com-arroz de primeira qualidade. É a minha frase. O cidadão quer obras, mas mais do que a obra, ele quer ter uma cidade com qualidade. Ele quer andar pela cidade e sentir que tem segurança, quer andar pelas calçadas e não encontrar lajes soltas. Quando assumi, encomendei um trabalho específico sobre calçadas. Queremos chamar atenção dos proprietários sobre sua responsabilidade de preservá-las. Vamos até que ponto? Até a multa. Vamos fazer a campanha de esclarecimento e quem não cumprir nós vamos multar.

ZH — O que muda da sua gestão para a de José Fogaça?

Fortunati — Somos pessoas diferentes. É difícil fazer a comparação porque cada um é cada um.

ZH — O que o senhor vai fazer de diferente?

Fortunati — Fogaça, por estilo dele, chega a ser de uma timidez impressionante. Eu já acho que o prefeito tem de botar o ovo e cacarejar. O marketing das ações tem de estar junto com o prefeito. Nós fizemos uma pesquisa e há uma cobrança de que vou pouco às comunidades! Eu! Então, qual é a minha próxima ação? Estou comprando uma caminhonete para montar um gabinete itinerante. Vou botar lá "prefeito na comunidade" em letras garrafais. O prefeito tem de ser visível. O Fogaça de forma alguma faria isso.

ZH — Vai dar tempo de finalizar as obras para a Copa?

Fortunati — Foi uma iniciativa minha como secretário da Copa tentar incluir o maior número possível de obras sob o guarda-chuva da Copa. Um exemplo são os dois viadutos e as três trincheiras da Terceira Perimetral. Tem alguma coisa a ver com a Copa? Não. Era a única oportunidade para conseguir recursos extras num prazo de financiamento de 20 anos, com quatro de carência, juro de 6% ao ano, que não se consegue em parte alguma. Se não ficarem prontos, não vai fazer a menor diferença para a Fifa. Já o Gigante da Beira-Rio tem de ficar pronto. Temos de qualificar a Beira-Rio e a Padre Cacique. No Aeroporto Salgado Filho estamos retirando as famílias, é exigência da Fifa. Tem obras que não podemos vacilar.

ZH — O senhor vai se empenhar para a construção do metrô?

Fortunati — Vai sair do papel. Podem ter certeza, é um compromisso. Estamos bem avançados. Com a campanha eleitoral, isso paralisou. Já conversei com a Dilma para retomarmos. Vai ser o primeiro assunto que eu vou retomar com a presidente.

ZH — O seu trânsito com a presidente vai facilitar as relações?

Fortunati — Não tenho dúvida. Somos amigos de muito tempo.

Fonte: ZH on Line

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...